Maternagem

2 anos da Aimée e uma pequena reflexão sobre os “terríveis dois anos”


Aimée fez 2 anos dia 23 de abril de 2019 e o período que antecedeu o aniversário dela foi tenso! Todo mundo em casa adoeceu…

Que o diga o pai, em pleno aniversário da filha (e dia de São Jorge), indo ao médico descobrir uma sinusite grave, que não tinha sido diagnosticada apesar das três idas na emergência do hospital particular no final de semana.

A gente adiou a festinha (que era só a festinha caseira de sempre), mas para não passar a data do aniversário em branco fui com ela até a padaria comprar um bolo de limão (e acabei fazendo essas fotos, que não estavam nos planos e que ficaram tão fofinhas…).


O pai cantou parabéns antes de ir para o médico e ela, toda sorridente, com aquele jeito manhoso de quando recebe chameguinhos, pediu “vamos, mamãe, Patrulha Canina de aniversário!”.

Primeiro nós ficamos pasmos com a associação que ela fez (como assim Aimée sabe o que é presente de aniversário e como assim até já escolheu o que quer?). Mas depois lembramos do nosso comentário quando ela viu o Marshall (o cachorrinho bombeiro da Patrulha Canina) numa loja de brinquedos e ficou abraçada nele um tempão. O pai perguntou se a gente não devia dar de presente de aniversário e na hora eu disse que não sabia. Só que eu jamais ia imaginar que ela se lembraria disso!

O fato é que Aimée está crescendo (passa tão rápido e muda tanto!) e o tempo todo nos surpreende com as coisas que diz. Ela vai acumulando frases e situações e organizando os contextos e usos na cabecinha dela. E aí, num momento oportuno, ela aparece com uma elaboração toda certinha, que impressiona a gente. Aliás, o desenvolvimento infantil é um dos temas mais fascinantes para mim.

Mas há muitos anos escuto que essa idade, tão interessante e tão cheia de descobertas, é o “terrible two” (terríveis dois anos). Honestamente, eu nunca gostei dessa rotulação. Primeiro porque é injusta com a criança, ao estigmatizá-la. Depois, porque impede que a gente entenda as especificidades dessa fase.

Muita coisa muda neurologicamente, emocionalmente e fisicamente na criança que está deixando de ser bebê. E essa transformação é confusa e estressante não só para nós, mas principalmente para elas, que são capazes de aprendizados incríveis em uma velocidade intensa, mas que ainda não conseguem regular plenamente suas emoções.

É por isso que as birras acontecem. Não se trata de manipulação e desafio, mas de um pedido de socorro: é um ser humano que chegou na terra há apenas 2 anos querendo dizer “eu ainda não sei lidar com isso tudo sozinho”. Por isso o acolhimento é tão importante e tem efeitos tão positivos nessas horas – ao contrário das brigas, dos sermões e da raiva, que não só não educam como pioram a tensão.

Seria uma mentira descarada dizer que educar criança pequena é fácil, mas eu acredito muito que informação liberta a gente e que empatia transforma as relações. Ao criar nossos filhos, precisamos de coragem para rever antigos conceitos e repensar nossa forma de lidar com o outro – especialmente quando ele nos “desafia”, mesmo sem querer.

Antes de qualquer coisa, é preciso entender que amor, afeto e acolhimento nunca são demais. Podem até ser demais para um mundo que já não parece merecer, mas jamais serão em excesso para nossas crianças. Na verdade, tudo é mais difícil quando falta compreensão e sobra ódio. Então não é amor, abraço e colo o que estraga as pessoas na infância, pelo contrário: é não saber ouvi-las, respeitá-las e dar-lhes amor quando mais precisam.

Com a chegada dessa idade, que sem dúvida não é simples, mas que eu tenho absoluta certeza de que não deve ser vista com olhos mal acostumados por preconceitos e ideias agressivas, só quero desejar os mais felizes 2 anos birrentos para Memê. E que se for pra ser terrível, que sejamos nós “terríveis” com as bobagens desse mundo.

***

Ps.: Fizemos uma festinha caseira cheia de corações, pra combinar com o nome dela, que em francês significa Amada. Participaram da festa as quatro amiguinhas mais especiais, de idades bem diferentes, mas que fizeram muito parte da rotina e das brincadeiras dela nesses 2 anos de vida: a Luísa, que tem um verdadeiro dom pra lidar com crianças e que leva Aimée pra passear desde que ela era bebezinha; a Raylla, criança cheia de vida e criatividade, que inventa as brincadeiras mais marotas e diverte Aimée até as gargalhadas; a Sophia, que sempre para pra conversar com Aimée e que apesar da idade não tem problema em emprestar os brinquedos dela, até as Barbies mais bonitas; e a Marcela, companheira mais novinha, que Aimée ama mimar, porque ela é bebê. <3

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